Autor Daniel Nonohay
Oooi povoo! Como vão?
Eu estou ótima e trago hoje mais uma entrevista com um dos nossos autores parceiros. Vamos conhecer um pouco mais sobre o autor Daniel Nonohay. Prontos?
Daniel nasceu em 1973 e mora em Porto Alegre. Casado e pai de duas filhas, hoje Juiz do Trabalho, escreveu seu primeiro romance à mão em dois cadernos pautados quando tinha 17 anos. è autor de vários artigos científicos na área de Direito e política. Foi Presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho do Rio Grande do Sul. Atualmente aproveita cada um dos seus poucos segundo livres para escrever, a sua segunda grande paixão.
1. Como surgiu a vontade de escrever?
“Eu sempre fui apaixonado pela leitura. Desde criança. Comecei com
histórias em quadrinhos e para os livros. Meu pai e minha madrinha liam muito.
Fui favorecido com estes exemplos e com a facilidade de acesso à literatura,
algo muito raro em nosso país.
Era uma época
pré-internet, pré-videogame e com televisão aberta restrita a quatro ou cinco
canais, quando o sinal pegava. Dependendo onde você morasse, sequer TV aberta
havia. A criança não tinha muitas opções para fugir da realidade,
principalmente quando estava sozinha em casa. As revistas e, depois, os livros
eram as portas que te levavam para outros mundos.
Minha paixão por
literatura me levou a querer ser escritor. Assim, posso dizer que sempre quis
ser escritor, assim como quis ser juiz. A
vida, contudo, impõe-nos algumas decisões e, por volta dos vinte anos, tive que
privilegiar um dos sonhos.
Em verdade, escrever é grande parte do que faço no meu
dia a dia na Justiça. Analiso histórias, tento aplicar a lei de uma forma justa
e dar solução às controvérsias. Óbvio que a escrita técnica é diferente, mas a
tentativa de buscar clareza, lógica e precisão é a mesma, seja na sentença,
seja em um suspense, seja em uma crônica.
De certa forma, tudo está interligado. Passam pelos
meus olhos, nos processos, milhares de tragédias e comédias. Finais felizes e
finais tristes. Histórias que servem como um manancial praticamente inesgotável
para o escritor minimamente atento. Se eu escrevesse sobre algumas delas, o
público certamente acharia o texto inventivo ou “forçado” demais. Como se diz,
a realidade não tem compromisso com a coerência e os casos que analiso me
lembram disso a todo momento. Se você é alguém que presta atenção ao seu redor,
a realidade é um lugar incrível de se viver.
Passados dezesseis anos da minha posse como juiz, eu
resolvi finalmente atender a minha necessidade de contar aquelas histórias que
fluíam, mesmo sem eu as provocar, nos mais estanhos momentos.”
2. Existe inspirações para escrever a história do seu livro?
“Personagens com moralidade
duvidosa e fortes motivações sempre me atraíram. Retirar tudo de alguém e
deixá-lo vivo, somente agarrado ao desejo de vingança, é uma posição de onde se
originam grandes histórias, como a de Edmond Dantés, em O Conde de Monte Cristo.
Paralelamente a isso, sou
o meu primeiro leitor. Assim, escrevo o que gosto de ler. Aprecio muito as
histórias de ficção científica e fantasia. Elas permitem um exercício maior de
criação pelos autores, pois, além da história em si, dos personagens e de
outros elementos, há uma exigência de construção detalhada do enredo e do mundo
no entorno dos personagens
Como terceira fonte para a
construção da história utilizei um meio,
o jurídico, que frequento há muitos anos por ser juiz. Como diz Tolstói, fale da sua aldeia e
estarás falando do mundo.”
3. Os personagens são baseados em pessoas reais?
“A construção de personagens sólidos é essencial para a verossimilhança
da história. Com
personagens consistentes, o livro praticamente
caminha por si só. O escritor, neste processo, torna-se
um companheiro dos seus personagens.
Se você consegue criar personagens assim, basta
colocar os contextos e eles respondem,
levando a trama, inclusive,
para locais que não imaginou previamente. É algo muito semelhante ao que
Stephen King fala em seu livro Sobre a Escrita, na parte em que comenta
o seu processo criativo.
Esta
construção pode
ter como base pessoas que conhecesses, mas não gosto da transposição de
“cópias” de personalidades reais para o papel.
Por exemplo. Um Passeio no Jardim da Vingança gira em
um meio, o jurídico, que frequento. Vários conhecidos, ao lerem o livro, tentam
identificar quem inspirou cada personagem. Na verdade, não são inspirados em
ninguém, individualmente. Essa inspiração facilitaria a construção do
personagem, pois ele já está delineado na vida real, mas limita muito a
narrativa. Você perde a naturalidade da escrita. Mesmo inconscientemente, não
queres fazer o seu amigo, que lerá o livro depois, assim como a família dele,
ser um calhorda ou um anjo. Não quero este tipo de interferência no
desenvolvimento da obra.
Interessante que, exatamente pela ação dos
personagens, a evolução do Passeio ficou diferente da história que imaginei,
originalmente. Eles não respondiam
satisfatoriamente ao que eu tinha projetado. Determinadas reações ficariam
forçadas ou contraditórias com o desenvolvimento de personalidade que eles
tiveram no curso da trama.
No livro que atualmente estou
escrevendo, tentei quebrar esta regra e não
consegui. Um dos personagens era inspirado no meu pai. A história começou a
ficar artificial. Não fluía. Assim, mantive apenas algumas referências,
redesenhei o personagem e consegui seguir em frente.”
4. O que costuma fazer como hobbies?
“Eu já tive vários hobbies, como a marcenaria. Tive que, gradativamente, abrir mão
deles, por falta de tempo. Hoje divido-me entre a família, o trabalho como
juiz, o trabalho como escritor e o esporte. Atualmente estou trinando para
(tentar) correr a maratona de Berlim.”
5. Quais são os seus autores favoritos?
”Eu leio um pouco de tudo,
até bula de remédio, como dizia o Analista de Bagé, personagem do Luis Fernando
Veríssimo.
Na minha adolescência, lia
principalmente obras de ficção científica de Frank Herbert, George Orwell,
Júlio Verne, Isaac Asimov e Arthur C. Clarke.
Não tínhamos, na época, as
facilidades de acesso que se tem hoje. Era um mundo pré-internet, apenas com
televisão aberta e restrita a quatro ou cinco canais, quando existiam. Todos os
livros que me caiam nas mãos, portanto, eram consumidos. Isso incluía
fantasia (Tolkien), terror (Stephen King, F, Paul Wilson, Dean Koontz), e
romances históricos (Ken Follett). Além, é claro, do Arthur Conan Doyle e da Agatha
Christie.
A ficção científica é um
gênero com grandes ideias literárias, mas, contraditoriamente, sem muitos
escritores que se destaquem pela sua qualidade de narração. O livro que ganhou
o prêmio Hugo de 2015, O Problema dos Três Corpos, escrito pela Chinês Cixin
Liu, é um exemplo. Ideias grandiosas envelopadas por uma narrativa que não está
à altura (embora não seja um livro ruim - longe disso).
Como referências de
escritores da minha vida adulta na ficção científica, posso citar o Philip K.
Dick e o China Mieville.
É interessante mencionar
que tento diversificar, sempre em busca de literatura de qualidade. Continuo
tendo preferência pelos meus gêneros da adolescência, mas os gostos se ampliam
e a gama de referências é muito grande. Assim, rapidamente, posso citar Donna Tartt, Ernest
Hemingway, Stephen King, Haruki Murakami, Philip Roth e Michael Chabon.
Esses já formam um “bom”
time.”
6. Quais foram as suas influências no mundo literário?
“Pergunta difícil.
Gosto de escritores de frases curtas,
diretas e significativas, como o Hemingway. Escrever assim é um desafio. Caso
consigas, o texto resultante é claro e translúcido, deixando espaço para a
história fluir. Gosto, também, do estilo simples e eficiente do Haruki
Murakami. Entram na lista, ainda, por outros atributos, Philip Roth, Philip K.
Dick e George RR Martin.
Se eu fosse obrigado a escolher apenas
um, seria o Stephen King. Eu o leio desde adolescente. Mesmo com as naturais
modificações de gosto que ocorrem no correr da vida, sempre o considerei um ótimo escritor e sempre tive prazer com seus
livros. Isto tem um significado. King constrói bem seus personagens e consegue
fazer você acreditar e se divertir com as ideias e histórias mais
estapafúrdias. “
“Pergunta difícil.
Gosto de escritores de frases curtas,
diretas e significativas, como o Hemingway. Escrever assim é um desafio. Caso
consigas, o texto resultante é claro e translúcido, deixando espaço para a
história fluir. Gosto, também, do estilo simples e eficiente do Haruki
Murakami. Entram na lista, ainda, por outros atributos, Philip Roth, Philip K.
Dick e George RR Martin.
Se eu fosse obrigado a escolher apenas
um, seria o Stephen King. Eu o leio desde adolescente. Mesmo com as naturais
modificações de gosto que ocorrem no correr da vida, sempre o considerei um ótimo escritor e sempre tive prazer com seus
livros. Isto tem um significado. King constrói bem seus personagens e consegue
fazer você acreditar e se divertir com as ideias e histórias mais
estapafúrdias. “
7. O que dizer a todos aqueles que tem o sonho ou pretendem ser um escritor?
“Para os futuros escritores, digo que escrever requer obstinação,
paciência e disciplina. Se tiver algum talento, melhor. Mesmo que escrever seja
uma necessidade para você, não conseguirás acabar qualquer obra se não tiver
muita persistência.
Não se preocupe com a publicação.
Resolva cada problema ao seu tempo. Tente se divertir durante o processo de
escrita. Deves gostar e se envolver com a sua história, pois, se isso ocorrer
com você, ocorrerá com outras pessoas quando lerem.”
8. Como você se vê ?
“Alguém persistente e esforçado, que pensa ter a (presunçosa) capacidade
de fazer tudo o que quiser.”
9. Como voce vê sua obra?
“Um Passeio no Jardim da Vingança é uma obra que acredita na inteligência
do leitor. Não há concessões para torná-la mais fácil ou palatável. Mesmo
assim, não é chato, pedante ou escatológico. Eu queria contar uma boa história,
com ritmo e significado. Com personagens reais, que gerassem reações no leitor.
Desde o princípio, desejei fazer um livro que eu gostasse de ler. Isto, ao
menos, consegui.”
10. Qual o seu gênero favorito?
“Eu gosto muito da ficção
científica e a da fantasia. Elas permitem um
exercício maior de criação pelo autor. Nelas, além da
história em si, dos personagens e de
outros elementos da trama, há
uma exigência de construção do enredo e do mundo no entorno dos personagens, pois ele é estranho ao
leitor.
Com base nisso, se eu vou escrever um suspense, procuro acrescentar algum elemento
fantástico ou tecnológico, que lhe dê alguma originalidade. Nada que suplante ou obscureça
a história em si. Ela permanecerá um drama, uma comédia ou um suspense
e assim por diante. O seu pano
de fundo ou cenário, deve, apenas,
torná-la mais interessante.”
11. Possui outras obras?
“Quando eu estava cursando a faculdade de direito, arranjei um trabalho
como representante (vendedor) de produtos químicos e siderúrgicos na empresa de
um amigo. Naquela época, afora quando estava no telefone vendendo ou operando a
máquina de telex (uma precursora do fax e do e-mail), não tinha nada para fazer.
Ou lia ou ... escrevia. E foi o que fiz. Meu primeiro livro saiu ali, escrito à
mão, em cadernos pautados. Nunca foi publicado e nunca será.
O livro, chamado O Analista, passava-se
no Brasil, em 2028, e trabalhava com a hipótese de Maluf ter ganho as eleições
de 1985 e de não ter dado certo a distensão democrática. O personagem principal
era um mercenário, contratado para operar uma célula terrorista em Porto
Alegre.
A ideia da história, para a época, era
interessante, mas foi uma obra de formação. Quase um exercício para aprender
como se escrevia um livro. Era preciso muita persistência para escrever obras
grandes antes do processador de texto. Eu escrevia a mão, revisava, reescrevia
em outro caderno. Depois, datilografava. Por essas e por outras coloco o
processador de texto no meu altar de adoração.
Meu segundo livro está em andamento. É uma ficção
histórica, que se passa no Brasil entre os anos de 1950 e 1970 e pende para o
lado da fantasia.
Escrevo semanalmente, também,
crônicas que publico no meu site (www.danielnonohay.com.br),
bem como em jornais e revistas diversos. Faço críticas de cinema e resenhas
literárias para os sites NoSet (http://noset.com.br),
Homo Literatus (http://homoliteratus.com)
e Novo Nerd (http://novonerd.xpg.uol.com.br).
Confiram e indiquem!”
12. Uma citação favorita?!
““Eu
jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza
alguma. Porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu
quisesse.” (Friedrich Wilhelm Nietzsche)”
Nossa que verdadeira aula de literatura não? Estou sem palavras! Quero agradecer a oportunidade me dada pelo autor de poder conhecer melhor seu trabalho e por ter me proporcionado uma leitura prazerosa! Muito Obrigado.
Lembrando que o contato do autor está na aba Autores Parceiros, e a resenha do livro dele "Um passeio pelo jardim da vingança" está disponível para uma fácil e rápida busca nos marcadores resenhas aqui do Blog. Diante mão super agradeço a você que chegou até aqui nesta leitura, não deixe de seguir a página do Blog Eureka Mundo no face, o instagram @eurekamundo e seguir aqui o Blog viu?!
Um grande abraço e até próxima pessoal!
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